agosto 28, 2009

MÚSICA E ARQUITECTURA... a propósito da relíquia #002

O trabalho das Coisas

(…) Diz-se que uma das coisas mais impressionante da música de Johann Sebastian Bach é a sua “Arquitectura”. A sua construção traduz clareza e transparência. É possível seguir cada um dos elementos melódicos, harmoniosos e rítmicos dessa música, sem perder a percepção da composição como um todo, onde todas as partes ganham sentido. Uma clara estrutura parece sobressair dessa obra, onde cada um dos fios segue o tecido musical, mas que pode também comprometer as regras que determinam a estrutura construtiva da música. (…)

Tradução livre

Peter Zumthor, in “Pensar la arquitectura”. GG Arquitectura Com Textos. Editorial Gustavo Gili, SA, Barcelona 2004. p.11-13

Arquitectura e Música

(…) Para Raul Lino a beleza na arquitectura corresponde ao “habitar poético”, no qual a estética está relacionada e ligada às realidades físicas do terreno. A arquitectura deve exprimir as ideias, as nostalgias e intenções do homem. Entre a arquitectura e a música existe uma analogia estrutural que se manifesta em dois níveis diferentes: a arquitectura tem uma relação próxima com a história e a cultura. Em contrapartida, a música está mais ligada à psicologia e à alma do homem. A conexão entre estas duas artes está na relação entre o design e a melodia, entre a cor e o timbre (tom), entre proporções e harmonias. (…)

Raul Lino, in “Quatro Palavras sobre Arquitectura e Música”. Valentim de Carvalho, Lisboa 1947 p.35-12

Desenvolvimento nos princípios da elevação

(…) Às vezes, o templo foi considerado como possuidor de padrões harmónicos variáveis relacionados com as tonalidades musicais. As marcas desses padrões são geralmente assinaladas na fachada ocidental e registadas na pedra. Graças a estas, as notas dos acordes estão fixadas no templo e permitem a real função do volume ressonante. (…) Quem quer que se dê ao trabalho de subir o eixo da catedral mantendo com a voz, ou mesmo com um instrumento, uma mesma tonalidade sonora, ficará surpreso ao perceber que esta se eleva progressivamente, à medida que se avança pelo templo. (…)

Pierre-Alexandre Nicolas, in “O segredo das Catedrais”. Triom, São Paulo, 2001 p.81-25

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